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Foto do escritorDiego Garcia

Maputo Skate: Desenvolvimento social com projeto skatista

A JUPLP entrevistou a Francisco Luís Vinho, mais conhecido como "Tchinho", responsável do projeto Maputo Skate que tem como objetivo "contribuir para o desenvolvimento da comunidade skatista na Cidade de Maputo." Projeto quer empoderar os e as jovens e retira-los da droga, do álcool e dos gangues de rua.


- Como nasceu o projeto e porquê?

O projeto Maputo Skate foi fundado em 2006 como uma plataforma online para contribuir para o desenvolvimento da comunidade skatista na Cidade de Maputo. Nessa época não haviam lojas profissionais de skate, skate parques e os skatistas eram vistos como marginais porque andavam nas ruas sem medo de se machucar.

Eu já estava na faculdade nessa altura e a sociedade me respeitava quando me via na rua com a pasta de livros e cadernos, o contrário acontecia quando estava com o meu skate na mão porque era discriminado. A Maputo Skate surge para reduzir ou até mesmo eliminar o preconceito com o skatista. Mais tarde surge o conceito Skate e Educação associado a Maputo Skate.


- Quais são as dificuldades que encontram no vosso dia-a-dia?

As dificuldades são muitas, as mais marcantes são a falta de equipamento suficiente para manter as crianças e jovens a praticarem o skate como skates completos, equipamento de segurança. Muitas dessas crianças só tem um par de sapatilhas que levam para passear e para a escola, os encarregados não deixam usar as sapatilhas no skate. Ainda não arrancamos com as atividades de aulas de informática e tecnologias porque não temos equipamentos. Necessitamos de ampliar as nossas instalações pois as atividades de estudos ocorrem na varanda da casa e o espaço não é suficiente.



- Quais são as principais motivações, hoje em dia, para levar o projeto avante?

As principais motivações para levar o projeto Maputo Skate, Skate e Educação avante são de ver o impacto deste projeto na comunidade/sociedade através da redução do preconceito do skatista, ver as raparigas e os rapazes empoderados, longe do álcool, drogas, gangues, prostituição e focados nos estudos e levando uma vida saudável.


- Como é o vosso trabalho e a vossa atividade na atualidade?

Atualmente o nosso trabalho ocorre na pista de skate que construí na minha própria casa, o Luís Vinho Skate Park, localizado no bairro de Khongolote onde as crianças e jovens vem todos os dias incluído finais de semana, antes ou depois da escola para praticar o skate, fazer atividades recreativas complementares a educação. Os alunos para fazerem parte do projeto não pagam nenhum valor e como requisito principal é estarem matriculados numa escola. Quando não vão a escola e querem fazer parte do projeto para ter acesso ao skate, nos aproximamos dos encarregados e procuramos perceber e ajudar para a criança estudar. Apoiamos com material escolar, uniforme e outras condições complementares. Como não havia na comunidade um lugar seguro e saudável para as crianças passarem os seus tempos livres, o Luís Vinho Skate Park passou a ser um lugar muito frequentado pelas crianças por isso temos desenvolvidas muitas atividades complementares como desenho, pintura, leitura, escrita, artesanato, passeios pela cidade, torneios de skate. As raparigas recebem orientações sobre o não ao casamento prematuro, gravidez precoce e ciclo menstrual.




- Quais são os vossos parceiros e como obtêm financiamento para colocar o projeto a andar todos os dias?

Este é um projeto sustentável, pois sempre acreditei que o skate não teria apoios devido ao preconceito, por isso desde 2003 quando decidi que o skateboarding era o meu propósito comecei a buscar conhecimento para melhorar a condição caótica que se encontrava. Após terminar a faculdade oficializei a minha empresa de informática www.connectix.co.mz em 2010 como solução para sustentar o SKATE. Atualmente tenho a loja www.milofaskateshop.com, estas duas empresas garantem as condições mínimas para o projeto não parar. As aulas de skate particulares, que fui pioneiro, tem ajudado muito no projeto e a empoderar alunos e skatistas a começarem a empreender. Ensino a eles que do dinheiro que ganham devem tirar uma percentagem e apoiar o projeto a desenvolver para não sermos dependentes de apoios e doações. Temos artigos como camisolas, chapéus e vamos lançar alguns produtos das atividades de artesanato e reciclagem para vender nas feiras. Temos empresas e amigos nacionais e internacionais que nos apoiam quando lançamos campanhas de pedido de apoios, pois as crianças são muitas e o equipamento e material precisa de manutenção. Procuramos pôr doadores anuais a longo prazo para desenvolver melhor o projeto.


- Quais são as vossas perspetivas de futuro?

As nossas perspectivas para o futuro é ter uma escola primária e secundária Skate e Educação onde garantimos as condições mínimas para as crianças aprenderem a ler, escrever e andar de skate.



Biografia de Francisco Luís Vinho:

Francisco Luís Vinho mais conhecido por Tchinho, nasceu a 7 de Agosto de 1980 na Cidade de Maputo, Bairro da Malhangalene. Filho de Luís Semente Vinho e de Ermelinda Alberto Quimiciane. Solteiro e pai de dois filhos o Folami Francisco Vinho 15 anos e Milofa Francisco Vinho 11 anos. Atualmente vive no Bairro de Khongolote, Maputo Provincia.

Licenciado em Informática pela Universidade Eduardo Mondlane em 2009 e Director De Skateboarding na Federação Moçambicana De Patinagem desde 2022.

O seu primeiro contato com o skate foi em 1993 como brinquedo e só no ano 2000 é que decide levar o skate como o seu estilo de vida.

Gosta de cuidar de plantas, adora ciência e tecnologias, vídeo jogos e de empoderar os jovens. Construiu a primeira Pista de Skate no seu país em 2019 e recebeu o diploma de honra pelo Conselho Executivo Provincial na 2ª Edição da Gala Provincial Maguiguana 2022 pelas atividades de promoção do skateboarding e a educação na sua comunidade.




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