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A Alimentação e a Alteração Climática

Alimentar o mundo e combater simultaneamente as alterações climáticas depende de um esforço conjugado ao longo das cadeias agroalimentares – incluindo consumidores, agricultores, responsáveis das indústrias, investidores e financiadores, reguladores e decisores, de forma a impulsionar transformações sistémicas.


Os impactos do aquecimento global estão se tornando cada vez mais evidentes. Temperaturas mais altas, mudanças nos padrões de precipitação, aumento do nível do mar e aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como secas, inundações, calor extremo e ciclones já estão reduzindo a produtividade agrícola, interrompendo as cadeias de abastecimento de alimentos e deslocando comunidades.


Ao mesmo tempo, estima-se que os sistemas alimentares contribuam com mais de 1/3 das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) responsáveis pelas mudanças climáticas, colocando a produção de alimentos no centro das atenções como contribuinte para o aquecimento global e setor crítico para montar uma resposta adaptativa às mudanças climáticas.


A agricultura é um contribuinte significativo para as mudanças climáticas, bem como para os setores econômicos que mais correm riscos. A emissão de gases de efeito estufa geradas dentro do portão das fazendas para produção agrícola e pecuária e as mudanças relacionadas ao uso da terra contribuem com cerca de 1/5 a 1/4 das emissões totais de todas as atividades humanas, quando medido em equivalentes de CO2, já em termos de gases únicos, os impactos são ainda maiores.


Quanto a contribuição por gases, o sector chega a contribuir com quase 50% do total mundial de metano antropogénico (CH4) e 75% do total de emissões de óxido nitroso (N2O).


Para criar medidas e estratégias eficazes no sentido de diminuir a poluição ao longo do sector agrícola, é necessário contabilizar todas as emissões que ocorrem nas subcategorias de Pré e Pós-Produção (PPP), como: embalagem, transporte, retalho, o consumo das famílias e a eliminação dos resíduos.


Na tabela e no gráfico 1 podemos ver a contribuição em giga tonelada (Gt) de CO2eq no ano de 2019, em diferentes regiões do globo, nos diferentes sectores. A Ásia é a região que mais contribui com CO2eq na área de produção, com 3,2 Gt, seguido de África com 1,1 Gt CO2eq, com a Oceânia sendo o menor poluidor com 0,2Gt CO2eq.


A América do Norte foi o maior poluente no ano de 1990 no sector de PPP com uma contribuição de 35%, sendo a América do Sul o menor poluente com uma contribuição de 6%. As duas últimas colunas mostram o maior subcomponente de emissões PPP em cada região.


Tabela 1- Contribuição em Gt de CO2eq nas diferentes regiões nos diferentes sectores.


Podemos observar também que a contribuição percentual de 1990 para 2019 ainda no sector PPP mais do que duplicou na Europa, passando de 26% para 55%, já na Ásia essa contribuição quase que duplica, passando de 24% para 42%.


A África é a única região que regista uma diminuição na contribuição de CO2eq no ano de 2019. Diversas podem ser as causas que contribuíram para tal, como por exemplo: a melhoria das tecnologias utilizadas nas categorias e nas subcategorias do sector agroalimentar, ou até mesmo a diminuição de produção no sector. Isto porque o continente está enfrentando a maior seca dos últimos 40 anos.


O ciclo de poluição não encera quando os alimentos chegam as nossas mesas, o desperdício também é um fator de poluição. Sendo essa a subcategoria que mais contribui para poluição na América do Sul, 0.1 Gt CO2eq. Na América do Norte a contribuição de 0.3 Gt CO2eq no retalho chega a ser maior que a emissão causada pela mudança no uso das terras que é de 0.2 Gt CO2eq. O mesmo cenário acontece na Europa, com uma contribuição de 0.4 Gt CO2eq no retalho contra de 0.1 Gt CO2eq nas mudanças no uso de terra.


Está analise mostra como as subcategorias da PPP chegam a contribuir mas do que outros sectores na qual seria esperado uma maior contribuição.


Gráfico 1- Contribuição em Gt de CO2eq nas diferentes regiões nos diferentes sectores.


Em 2050 o sector agroalimentar pode ser responsável por 50% das emissões de GEE. É também responsável por quase 90% da desflorestação mundial, que por sua vez gera grandes emissões de GEE, contribuindo para o aquecimento global e para vastos impactos ambientais.


Globalmente, a mudança e gestão do uso da terra responde por quase metade das emissões totais de CO2 da Agricultura, Silvicultura e Outros uso da Terra (sigla em inglês AFOLU- Agriculture Forestry Others Land Use). O gráfico a seguir mostra em percentagem a contribuição de CO2 por fontes de AFOLU no ano de 2018.


Gráfico 2- Emissão Global de AFOLU por fontes.


O uso da terra ou seja toda mudança na terra causada pelo homem para praticas agrícolas, urbanização, transporte entre outros, é responsável por quase metade das emissões totais de CO2 da AFOLU, seguido pela Fermentação Entérica com 25%.



Fermentação entérica de forma menos “técnica” nada mais é que, o processo de digestão de alimentos ingeridos pelos animais (ex: vaca, boi, ovelha, cabra, etc) que dão origem aos dejetos e aos arrotos carregados de CH4. Isto porque, a ação dos milhões de micróbios que vivem no estômago destes animais produzem CH4.


A seguir com uma contribuição de 11%, temos o manejamento de solos e pastagens. A pecuária também contribui e muito para emissão de CO2 e outros gases que potencializam o aquecimento global, mas esse é um assunto para o próximo artigo.


O aumento da população implica no aumento de produção na cadeia alimentar, isto porque a oferta tem de acompanhar a demanda. Este aumento implica automaticamente no aumento na contribuição de CO2 nas diferentes categorias e subcategorias deste setor.


A mudança do estilo de vida para dietas mais saudáveis, a diminuição no do desperdício é uma das medidas ou estratégias na qual podemos adotar, na qual possuem um grande potencial na redução das emissões.


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