top of page

A juventude de fala asturo-leonesa. A nossa vizinha linguística.



Durante a reconquista, a nossa língua começa a ser escrita e considerada diferente do latim na zona que hoje é Galiza e Norte de Portugal. Um bocado ao leste, um processo similar estava a acontecer: o nascimento da língua asturo-leonesa.

Esta língua ainda é falada hoje em zonas dos estados de Espanha e Portugal. Neste mapa podem-se ver os territórios onde é falado o asturo-leonês ou falas com influências asturo-leonesas. O idioma é conhecido por vários nomes (glossónimos), frequentemente o nome da variedade local, por exemplo os falantes de asturo-leonês da comarca de Seabra referem-se à sua fala como Senabrés. Assim, é habitualmente denominado asturiano (asturianu), leonês, (llïonés) ou mirandês (mirandés).

Hoje falamos com o Alejandro, um rapaz de 26 anos, estudante de filologia e falante da língua. Perguntamos-lhe pela situação atual do idioma.


Ye una llingua minorizada. Ta estazada en variedaes internes o dialeutos. Ta acutada a la xente mayor na área rural, onde ta tou abandonáu. Anque sí hai una norma; la Gramática de la Llingua Asturiana, el Diccionariu ya les Normes Ortográfiques.

É uma língua menorizada. Está fraturada em variedades internas ou dialetos e está restringida a gente velha na área rural, onde está tudo abandonado. Ainda que sim há uma norma; a Gramática de la Llingua Asturiana, o dicionário e as Normes Ortográfiques.


Sicasí, nestos últimos años ta habiendo una meyor ya mayor conciencia na mocedá con ganes de deprender ya impulsar la llingua. A la mesma velocidá, tamién hai un anti-asturianismu creciente per parte de los sectores más conservadores ya castellanistes d'Asturies

Com tudo, nestes últimos anos está a haver uma melhor e maior consciência na mocidade com vontade de aprender e impulsar a língua. Ao mesmo tempo, também há um anti-asturianismo crescente por parte dos setores mais conservadores e castelhanistas de Astúrias.


O Alejandro conta-nos que apenas um 10% da população emprega o asturiano e isto acontece principalmente com família e amizades próximas nas zonas rurais. Apesar de existir um certo impulso pela comunidade neofalante —ele assinala— ainda existe repulsa no âmbito académico e institucional.

Na mocedá hai opiniones variaes. Polo xeneral hai mayor aceptación pola llingua, anque los mozos o xóvenes nun la falen o la falen con dificultá. […] Sicasí, tamién hai mozos ya moces que refuguen la llingua basándose n'argumentos que nun siguen la lóxica llingüística ya inclínense por visiones polítiques o sociales ensin raciociniu llingüísticu.

Na mocidade há opiniões variadas. Em geral há maior aceitação da língua, mesmo ainda que a gente jovem não a fale ou a fale com dificuldades. […] Com tudo também há gente moça que rejeita a língua baseando-se em argumentos que não seguem a lógica linguística e inclinam-se por visões políticas ou sociais sem critério linguístico.

No referente a oficialidade do idioma a coisa é complexa. O Alejandro explica como é que estão as coisas. No estado espanhol é reconhecido oficialmente em alguns concelhos que têm oficinas de normalização linguística e oferecem serviços na variedade linguística concreta dessa zona. Existe a ALLA (Academia de la Llingua Asturiana), uma instituição com a lavor de padronizar a língua. O principado de Astúrias (a comunidade espanhola com mais falantes) reconhece no seu estatuto o asturiano como um bem cultural a proteger e existem propostas para oficializá-lo, mas com a negativa da direita não há o consenso político necessário.


Por outro lado, o estado português oficializou o mirandês (uma fala asturo-leonesa com influências da língua portuguesa) em 1999. Hoje tem o seu próprio padrão escrito e é empregado no ensino. Uma situação invejada pelos falantes do outro lado da fronteira.

Em resumo, a situação atual é de falta de compromisso institucional, perda de transmissão intergeracional e carência de prestígio. Está nas mãos das novas gerações o futuro da língua. É o nosso dever como jovens lusófonos dar visibilidade e promoção às falas vizinhas. O asturo-leonês não pode ficar esquecido!


126 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page