Como a pecuária afeta a Alteração Climática
Atualizado: 7 de jan. de 2023
No último artigo vimos que a Alimentação e a Alteração Climática andam praticamente de mãos dadas. O sector da agricultura contribui com quase 50% do total mundial de metano (CH4) antropogénico 75% total de emissões de óxido de nitroso (N20).
Acredita-se que em 2050 o sector agroalimentar pode ser responsável por 50% das emissões de GEE. É também responsável por quase 90% da desflorestação mundial, que por sua vez gera grandes emissões de GEE, contribuindo para o aquecimento global e para vastos impactos ambientais.
A pecuária também contribui e muito para emissão de gases que potencializam o aquecimento global. A indústria agropecuária emite grandes quantidades dióxido de carbono, metano e oxido de nitroso através de várias fontes, sendo o metano o gás com maior presença. Desde a respiração e tratamento de estrume até à utilização e desflorestação para terras de pastagem, e ainda, a utilização de combustíveis fósseis para toda a produção e marketing de produtos da indústria.
O sector é responsável por 14,5% das emissões de gases de efeito estufa de origem antrópicas. Alguns produtos de origem animal contribuem mais para as emissões do que os outros. O gráfico mostra a contribuição de diferentes produtos de origem animal em kg CO2 eq para cada kg de proteína.
Os maiores emissores são os ruminantes, como vacas e ovelhas. São responsáveis por 80% das emissões de gases de efeito estufa relacionadas à pecuária enquanto fornecem apenas 50% da proteína gerada pela criação de animais. Isso se deve em grande parte a um processo chamado fermentação entérica (vê o post anterior). Chegam a contribuir com 201 kg CO2 eq para cada kg de proteína produzida.
No geral, ruminantes produzem 2.7 Gt CO2 eq de CH4 a cada ano, sendo responsável por cerca de 5.5% do total de emissões de gases de efeito estufa causadas por atividades humanas.
O impacto da pecuária no ambiente, como temos visto, é substancial. Porém, os valores têm sido muito desprezados. Razões para isto poderão ser a importância crucial para o sustento de um grande número de famílias nos países em desenvolvimento ou o enorme interesse económico das poderosas empresas do setor.
A produção pecuária chega a ocupar 77% das terras agrícolas, apesar de fornecer apenas 18% das calorias mundiais e 37% das proteínas. Isso acontece porque a terra é necessária tanto para o cultivo da ração animal, como para o próprio gado.
Na verdade, 33% das áreas de cultivo são usadas para ração animal, e a produção de ração é responsável por 41% das emissões da pecuária. O estrume dos animais e seu manejo contribuem ainda mais para as emissões de CH4, e também produzem N2O.
A fermentação entérica resultante do processo de digestão dos animais é umas das maiores fontes de emissões da pecuária, contribuindo com 44% total das emissões do sector, seguido da produção de ração com 41%. O que significa que a maior poluição do sector provem do processo de alimentação dos animais, desde a produção, a digestão e da defecação.
A pecuária se encontra entre os 5 maiores setores poluidores (Energia, indústria, desperdício, uso de terra e florestas e agricultura), o sector ocupa cerca de 50% dos últimos dois e cerca de 80% do setor da agricultura.
Parte superior do formulário consumo per capita de carne anual duplicou entre 1980 e 2002 nos países de desenvolvimento. Durante o mesmo período, a oferta global triplicou, de 47 milhões de toneladas para 137 milhões de toneladas. Os países com o crescimento económico mais acelerado como a China, Brasil e Índia. Este aumento intenso de produtos pecuários vem acompanhado do incremento da influência destes 3 países como 19 líderes globais. Quase dois terços de toda a produção de carne e mais de metade da produção de leite dos países em desenvolvimento são realizados entre estes 3 países.
A água é um dos recursos naturais mais importantes, senão o mais importante de todos no que diz respeito ao funcionamento do ecossistema. O que faz dele um dos principais recursos do sector pecuário.
O gráfico mostra a média global utilizada, em litros de água fresca, para produzir 100g de proteína. Vemos que a maior parte da utilização da água é para produtos e derivados pecuários.
Os impactos dos produtos pecuários, como sabemos, excedem exponencialmente os impactos dos seus substitutos vegetais, de tal forma que carne, lacticínios, ovos e aquacultura representam 83% do território global designada para agricultura, aproximadamente 57% das emissões relacionadas com alimentação, no entanto apenas 37% da proteína consumida e 18% de todas as nossas calorias.
A FAO reconhece que uma dieta concentrada em carne e derivados de animais exige 10 a 20 vezes mais solo fértil do que uma dieta centralizada em plantas.
As nossas escolhas de consumo de carnes, leite, peixe e vários outros alimentos são, portanto, responsáveis pela degradação do solo, destruição da camada de ozono, poluição da água e, claro, alterações climáticas de grande impacto. É urgente mudar os hábitos à mesa.
Consumir alimentos sustentáveis é uma forma verdadeiramente eficaz de travar as alterações climáticas. Há estatísticas que demonstram: se reduzirmos em 50% a produção e os nossos consumos de alimentos de origem animal, em 2050 teremos menos 64% de emissão de gases com efeito de estufa. Por isso, pense na contribuição que cada um dos alimentos que compõe o seu carinho de compras exerce no aumento das alterações climáticas e o impacto negativo no nosso meio ambiente.
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